quarta-feira, 4 de março de 2009

O CASA no FSM e Aldeia da Paz

E mais um Forum Social Mundial é realizado e o CASA se faz presente pela primeira vez.
Levando suas idéias da cultura da sustentabilidade e paz, além do conceito de cidadania planetária, os integrantes presentes puderam fazer muitos contatos com outros permacultores de todo o Brasil e várias regiões do mundo.
A troca de experiências foi de importantíssima valia que ajudou a manter firme o propóstio na busca da cura do planeta.
Além disso, o contato com grandes nomes da área ambiental, como Leonardo Boff, Marina Silva e Boaventura de Sousa Santos, nos ajudaram e ajudam a internalizar conceitos novos ou já conhecidos. A experiência alheia na luta contínua também nos dá uma grande força para a continuidade do processo.
Ficamos na Aldeia da Paz, que é uma seção do Acampamento da Juventude, e tivemos a oportunidade de participar de vários mutirões para a cosntrução de nossa comunidade temporária. Além da construção física do acampamento, demos o nosso suor para toda uma estrutura comunitária, como assessoria de imprensa, coordenação, divulgação e etc. A experiência foi linda e pena que nem todos os membros do coletivo puderam compartilhar com a família desse grande crescimento profissional e, sobretudo, pessoal. Mas, calma, outros eventos e FSMs virão...








E o que é o Fórum Social Mundial?

O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mais solidário, democrático e justo.

As três primeiras edições do FSM, bem como a quinta edição, aconteceram em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil), em 2001, 2002, 2003 e 2005. Em 2004, o evento mundial foi realizado pela primeira vez fora do Brasil, na Índia. Em 2006, sempre em expansão, o FSM aconteceu de maneira descentralizada em países de três continentes: Mali (África), Paquistão (Ásia) e Venezuela (Américas). Em 2007, voltou a acontecer de maneira central no Quênia (África).E agora em 2009, foi realizado em Belém do Pará, em meio à grande e belíssima Amazônia.

O FSM tornou evidente a capacidade de mobilização que a sociedade civil pode adquirir quando se organiza a partir de novas formas de ação política, caracterizadas pela valorização da diversidade e da co-responsabilidade. O sucesso da primeira edição resultou na criação do Conselho Internacional que, em sua reunião de fundação, aprovou em 2001 uma Carta de Princípios, a fim de garantir a manutenção do FSM como espaço e processo permanentes para a busca e a construção de alternativas ao neoliberalismo. Hoje, são realizados fóruns sociais locais, regionais, nacionais e temáticos em todo o mundo, com base na Carta de Princípios. Em 2008, para marcar esse processo, foi realizado mundialmente no dia 26 de janeiro o Dia Global de Mobilização e Ação.


Os FSMs surgiram das mobilizações sociais a partir de 1999 como parte das ações globais que se deram inicialmente contra o neoliberalismo e a globalização, tanto em Kolhn, Alemanha, num encontro do FMI( Fórum Monetário Internacional), como em Seattle nos Estados Unidos, no encontro da Organização Mundial de Comércio. A característica principal desses eventos é a diversidade e pluralidade de movimentos sociais, ecológicos, espiritualistas, anarquistas, pacifistas, indígenas, religiosos, camponeses, marxistas, de mídia independente, feministas e de Direitos Humanos em geral, de todo mundo, sendo todos eles autônomos, participando pela primeira vez, na historia recente, de uma forma organizada, lutando pelos mesmos objetivos.

Seu lema: Um outro mundo é possível conduziu a formulação do conceito altermundista para os atores e ativistas desse novo movimento mundial.

Em cada um desses eventos, pelo menos no Brasil, se designa um espaço para o Acampamento Internacional da Juventude, no que por três anos uma série de grupos altermundistas desse país tem coordenado as Aldeias da Paz, modeladas, entre outros, pelo desenho gestado ao longo do processo de formação dos Conselhos de Visões biorregionais, que tiveram origem no México, desde princípios dos anos 90. Vários membros dessa rede de organizadores da experiência das Aldeias de Paz brasileiras, entre eles Thomas Enlazador e Claudião Spinola, assistiram o chamado do Condor e se converteram nos principais coordenadores juntamente conosco, Caravana Arco-íris do Chamado do Beija-flor.



Por que uma Aldeia de Paz nos FSM?

A decisão de criar esses espaços surgiu da observação de que nesses eventos, que atraem dezenas de milhares de ativistas de todo o mundo, não tem uma previsão de um espaço em que se possa montar um modelo-piloto, temporal, onde se possam oferecer experiências práticas, vivenciais, naquilo que implica criar e sustentar uma cultura altermundista diante das condições em que se encontra o nosso planeta hoje em dia. Os fóruns trazem consigo uma programação com centenas de conferências, mesas redondas, apresentações audiovisuais, documentários, filmes, exposições de fotos incluindo manifestações artísticas de todas as espécies, mas todas falando do que não funciona no sistema dominante em que vivemos, e muito pouco do que poderia ser feito em propostas alternativas esse sistema. De como passar dos pro-testos para as pro-postas possíveis.

É certo que em um par de ocasiões tanto no Brasil quanto na África, a rede global de ecoaldeias e de permacultores montaram seus estandes de informação, também para apresentar suas, nossas, propostas de como criar e multiplicar essas experiências fundamentais ao longo do planeta. Mas na prática, durante os fóruns, não conseguiram montar um espaço onde isso pudesse ser vivenciado, onde todas as mesmas contradições possam ser testadas, colocadas em ação, experimentadas, corrigidas, transformadas e transcendidas.

A proposta de levantar de novo uma Aldeia da Paz em Belém, foi de poder contar com um espaço onde se possa comer de uma maneira saudável, agradecendo por tudo o que a natureza nos proporciona, acampar sem medo de ser roubados e das mulheres serem molestadas, um espaço onde possamos reciclar nosso lixo, usar a água de maneira racional, criar rodas de paz para compartir cantos e danças de todo o mundo, ter um local de cura com as plantas e outras terapias alternativas, um lugar onde nossas crianças possam brincar e cantar sem estar em perigo, nem estar expostos ao consumismo e aos outros valores que nos induzem dia e noite os meios publicitários, um lugar onde se possa manter um fogo aceso no coração da aldeia, onde se possa ter a oportunidade de se expressar, de ser ouvido. E que todas essas palavras, orações, cantos, questionamentos e propostas não sejam tão somente retóricos, mas sim que possam ser levadas e aplicadas no nosso cotidiano.

Dessa forma, a Aldeia da Paz não deve sert simplesmente um espaço criado em alguns eventos, principalmente FSMs, mas, sobretudo, deve ser criada dentro de cada um de nós.

Aho!


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